Se a desobediência de Adão
introduziu no mundo o pecado e a morte, a obediência de Cristo trouxe-lhe o
remédio. A Quaresma prepara os fiéis a celebrarem o mistério pascal que é
propriamente o mistério através do qual Cristo salva o homem do pecado e da
morte eterna, enquanto transforma a morte corporal em passagem à verdadeira
vida. A Quaresma é justamente o tempo clássico desta renovação espiritual: “Eis
o momento favorável, eis o dia da Salvação” (2 Cor 6, 2).
Compete a cada fiel fazer
dela um momento decisivo para a história da própria salvação. Não somente quem
está em pecado mortal necessita reconciliar-se com o Senhor. Cada falta de
generosidade, de fidelidade à graça impede a amizade íntima com Deus, esfria as
relações com ele, é uma recusa de seu amor e exige, portanto, arrependimento,
conversão, reconciliação.
Indica o próprio Jesus no
Evangelho os grandes meios que devem sustentar o esforço da conversão: a
esmola, a oração e o jejum; insiste, sobretudo, nas disposições interiores que
os tornam eficazes.
A esmola “expia os pecados” (Eclo 3, 30), mas
quando é realizada unicamente para agradar à Deus e para ajudar os
necessitados, e não para atrair louvores. A oração une o homem a Deus e impetra
sua Graça, mas quando brota do santuário do coração e não quando é reduzida à
vã ostentação ou a simples mover de lábios.
O jejum é sacrifício
agradável à Deus e desconta as culpas, desde que a mortificação do corpo seja
acompanhada por outra mais importante, a do amor próprio. Só então, conclui
Jesus, “teu Pai, que vê o interior, recompensar-te-á (Mt 6, 4. 6. 18), ou seja,
perdoará os pecados e concederá graça sempre mais abundante.
Fonte: Intimidade Divina – Frei Gabriel de
St. Maria Madalena, OCD.
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