terça-feira, 26 de março de 2024

Via Sacra com São João da Cruz

 



Elaborada por Artur Viana, ocds. 



v  Sinal da Cruz

v  Credo

v  Pai-Nosso

v  Ave-Maria

v  Glória

 

 PRIMEIRA ESTAÇÃO: JESUS É CONDENADO À MORTE

 V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

 Texto bíblico: 

“Ele não reclamará, não levantará a voz, não fará ouvir a voz nas ruas; não quebrará a cana rachada, não apagará a mecha bruxuleante, com fidelidade trata o direito. (...) Há muito que me calei, guardei silêncio e me contive. Como mulher que está de parto eu gemia, suspirava, respirando ofegante.” (Isaías 42, 2-3.14)

 Texto sanjuanista:

“A paz prometida pelo Senhor ao seu povo era a aliança entre ele e o gênero humano por intermédio do prometido Messias; e os israelitas a entendiam no sentido de uma paz temporal. Por isto, quando tinham guerras e trabalhos, logo lhes parecia Deus enganá-los, pois sucedia o contrário do que esperavam. (...) Vendo-lhe, depois, nascer em humildes condições, e viver em pobreza, e morrer em miséria, e que não apenas não se impôs dono da terra, enquanto aqui esteve, como também se sujeitou à gente tão vil, até que morreu sob o poder de Pôncio Pilatos, e ao invés de livrar seus discípulos da opressão dos poderosos da terra, permitiu que fossem mortos e perseguidos por seu nome.” (2 Subida 19, 7).

 V/: Era o dia da preparação da Páscoa, perto da hora sexta, Pilatos disse aos judeus: Eis o vosso rei!

R/: Eles, então, gritavam: À morte! À morte! Crucifica-o! 

 

*** 

SEGUNDA ESTAÇÃO: JESUS TOMA A CRUZ NOS OMBROS 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico:

 “Eram nossos sofrimentos que ele levava sobre si, nossas dores que ele carregava. Mas nós o tínhamos como vítima do castigo, ferido por Deus e humilhado.” (Isaías 53, 4).

 Texto sanjuanista:

 “Com efeito, se a alma se determinar generosamente a carregar esta cruz, querendo deveras escolher e abraçar com ânimo resoluto todos os trabalhos por Deus, achará grande alívio e suavidade para subir neste caminho, assim despojada de tudo e sem mais nada querer. Se pretender, porém, guardar para si alguma coisa, seja temporal, seja espiritual, não terá o verdadeiro desapego e abnegação; portanto não poderá subir por esta estreita senda até o cume.” (2 Subida 7, 7).

 V/: Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração.

R/: E encontrarei descanso para vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo, leve.

  

***

TERCEIRA ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

 

Texto bíblico: 

“O Senhor assegura os passos do homem, eles são firmes e seu caminho lhe agrada; quando tropeça não chega a cair, pois o Senhor o sustentar pela mão.” (Salmo 37 [36], 23-24). 

Texto sanjuanista: 

“Senhor, com alegria e amor, levantais de novo quem vos ofende, enquanto eu não volto a levantar nem honrar a quem me aborrece.” (Ditos de luz e amor 46). 

V/: Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem porque eu o sou.

R/: Assim, se o vosso Mestre e Senhor vos lavou os pés, vós também deveis lavar os pés uns dos outros. 

 

*** 

QUARTA ESTAÇÃO: JESUS ENCONTRA SUA MÃE 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“Sião dizia: ‘o Senhor me abandonou; o Senhor se esqueceu de mim’. Por acaso uma mulher se esquecerá de sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela do filho do seu ventre? Ainda que as mulheres se esquecessem, eu não me esqueceria de ti. Eis que te gravei nas palmas da mão, teus muros estão continuamente diante de mim. Teus reedificadores se apressam, os que te arrasaram e te devastaram foram embora.” (Isaías 49, 14-17). 

Texto sanjuanista: 

“Nessa união interior, Deus comunica-se à alma com tanta vontade de amor, que não há afeto de mãe que acaricie seu filho com tanta ternura, nem amor de irmão, nem amizade de amigo, que se lhe possa comparar. A tanto chega, com efeito, a ternura e a verdade do amor com que o imenso Pai acaricia e engrandece esta humilde e amorosa alma. Oh! coisa maravilhosa e digna de todo o espanto e admiração: sujeitar-se Deus à alma, verdadeiramente, para exaltá-la, como se fosse seu servo, e ela, o seu senhor! E está tão solícito em regalá-la como se Ele fosse seu escravo e ela, seu Deus. Como é profunda a humildade e mansidão de Deus! (...) Ele aqui ocupa-se em consolar e acariciar a alma, tal como faz a mãe em servir e mimar o filhinho, amamentando-o de seu próprio peito. Nisto experimenta a alma a verdade das palavras de Isaías: ‘Aos seus peitos sereis levados, e sobre seus joelhos sereis acariciados’ (Is 66,12).” (Cântico 27, 1). 

V/: Simeão abençoou-os e disse a Maria: Eis que este menino foi posto para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, como um sinal de contradição

R/: E a ti, uma espada transpassará tua alma! Para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações.  

 

*** 

QUINTA ESTAÇÃO: SIMÃO, O CIRENEU, AJUDA JESUS A CARREGAR A CRUZ 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“O Senhor Deus virá em meu socorro, eis por que não me sinto humilhado, eis por que fiz do meu rosto uma pederneira e tenho a certeza de que não ficarei confundido. Perto está aquele que defende a minha causa. Quem ousará mover ação contra mim? Compareçamos juntos! Quem é meu adversário? Ele que se apresente.” (Isaías 50, 7-8). 

Texto sanjuanista: 

“Só uma coisa é necessária: saber negar-se deveras no interior e no exterior, abraçando por Cristo o padecer e o mais completo aniquilamento. Aqui está o exercício por excelência, no qual se encerram eminentemente todos os outros. E como este exercício é a raiz e o resumo das virtudes, se nele há falta, tudo o mais é perda de tempo sem proveito, tomando-se o acessório pelo principal, ainda que a alma tenha tão altas comunicações e considerações como os anjos. Porque o proveito está unicamente em imitar a Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vem ao Pai senão por ele, conforme o mesmo Senhor declara no Evangelho de São João. (...) Portanto, todo espírito que quiser ir por doçuras e facilidade, fugindo de imitar a Cristo, eu não o teria por bom.” (2 Subida 7, 8). 

V/: Requisitaram certo Simão Cireneu, que passava por ali, vindo do campo, para que carregasse a cruz.

R/: E levaram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que, traduzido, quer dizer lugar da Caveira. 

 

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SEXTA ESTAÇÃO: VERÔNICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“Ofereci o dorso aos que me feriam e as faces aos que me arrancavam os fios da barba; não ocultei o rosto às injúrias e aos escarros. (...) Ele cresceu diante dele como renovo, como raiz em terra árida; não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar. Era desprezado e abandonado pelos homens, homem sujeito à dor, familiarizado com o sofrimento, como pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, não faziam caso dele.” (Isaías 50, 6; 53, 2-3). 

Texto sanjuanista: 

“Se a alma recebesse só um indício da sublimidade e formosura de Deus, não desejaria apenas uma morte para contemplá-la eternamente; mas, cheia de alegria, passaria por mil cruéis morte para contemplá-la apenas por um momento; e, depois de tê-la visto, pediria para sofrer outras tantas mortes a fim de voltar a vê-la outra vez.” (Cântico 11, 7). 

V/: Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles. Eles serão o seu povo, e Ele, Deus-com-eles, será o seu Deus.

R/: Ele enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, nem dor.  

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SÉTIMA ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“Assim diz o Senhor Deus: Eis que levantarei a mão para as nações, darei um sinal aos povos e eles trarão os teus filhos nos braços, as tuas filhas serão carregadas nos ombros. Reis serão os teus tutores, suas princesas serão tuas amas de leite. Prostrar-se-ão diante de ti com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus pés. Então saberás que eu sou o Senhor, aquele que esperam em mim não serão confundidos.” (Isaías 49, 22-23). 

Texto sanjuanista: 

Nesta fornalha ‘se purifica a alma como o ouro no crisol’, conforme diz o Sábio (Sb 3,6), e, assim, parece que se lhe desfaz a sua mesma substância, com extremada pobreza, na qual está se consumindo. Isto se pode ver no que diz Davi dele próprio, com respeito a essa purificação, quando clama a Deus por estas palavras: ‘Salvai-me, Senhor, porque entraram as águas até a minha alma, estou atolado num lodo profundo, e não encontro onde pôr o pé. Cheguei ao alto-mar, e a tempestade me submergiu. Estou cansado de gritar, enrouqueceu a minha garganta; desfaleceram meus olhos, enquanto espero no meu Deus’ (Sl 68, 2-4). É assim que Deus humilha muito a alma, para depois também a exaltar muito.” (2 Noite 6, 6). 

V/: Sobre o madeiro, levou os nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que vivêssemos para a justiça.

R/: Por suas feridas, fostes curados, pois estáveis desgarrados como ovelhas, mas agora retornastes ao Pastor e guarda de vossa alma. 

 

*** 

OITAVA ESTAÇÃO: JESUS CONSOLA AS MULHERES PIEDOSAS 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico:

“Levanta os olhos em torno e vê: todos se reúnem e vêm a ti. Por minha vida, oráculo do Senhor, todos eles são como um adorno com que te cobres, tu te cingirás deles como uma noiva. Com efeito, tuas ruínas, teus escombros, tua terra desolada são agora estreitos demais para os teus habitantes, e teus devoradores estão longe.” (Isaías 49, 18-19). 

Texto sanjuanista: 

“Oh almas desejosas de andar seguras e consoladas nas coisas do espírito! Se soubésseis quanto vos convém padecer sofrendo, para alcançar esta segurança e consolo! E como, sem isto, é impossível chegar ao que a alma deseja, antes, ao contrário, é voltar atrás, jamais buscaríeis consolo de modo algum, nem em Deus, nem nas criaturas. Carregaríeis, de preferência, a cruz, e, nela pregadas, desejaríeis beber fel e vinagre puro e o teríeis por grande ventura, vendo como pela vossa morte ao mundo e a vós mesmas viveríeis para Deus, em deleites espirituais. E assim, sofrendo com paciência e fidelidade este pouquinho de trabalho exterior, mereceríeis que pusesse Deus seus olhos em vós, para vos purificar e limpar mais intimamente, por meio de alguns trabalhos espirituais mais interiores, com o fim de conceder-vos graças mais profundas.” (Chama 2, 28). 

V/: Jesus voltou-se para elas e disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim, chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos!

R/: Pois, eis que virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, as entranhas que não conceberam e os seios que não amamentaram! 

*** 

NONA ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“Não te embosques, ó ímpio, junto à morada do justo, nem devastes a sua habitação! Pois o justo cai sete vezes, mas se levanta, os ímpios, no entanto, tropeçam na desgraça. Se teu inimigo cai, não te alegres, e teu coração não exulte se ele tropeça.” (Provérbios 24, 16-17). 

Texto sanjuanista: 

“Às almas mais generosas, costumam atacar outras feras mais interiores, como são dificuldades espirituais, tentações, tribulações e trabalhos de muitas espécies, pelos quais convém passar. São enviados por Deus àqueles que ele quer elevar a uma alta perfeição. E, assim, prova essas almas, examinando-as como ao ouro na fornalha, conforme as palavras de Davi: ‘Muitas são as calamidades dos justos, mas de todas elas os livra o Senhor’ (Sl 33,20). Todavia, a alma enamorada, que estima seu Amado sobre todas as coisas, confiando em seu divino amor e graça, não tem grande dificuldade em dizer: nem temerei as feras e passarei os fortes e fronteiras.” (Cântico 3, 8). 

V/: Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só.

R/: Mas se morrer, produzirá muitos frutos. 

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DÉCIMA ESTAÇÃO: JESUS É DESPOJADO DE SUAS VESTES 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Texto bíblico: 

“Cercam-me cães numerosos, um bando de malfeitores me envolve, como para retalhar minhas mãos e meus pés. Posso contar meus ossos todos, as pessoas me olham e me veem; repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica tiram sorte.” (Salmo 22 [21], 17-19).

Texto sanjuanista:

“Obscurecida quanto à luz natural e racional, a alma sai assim dos seus próprios limites para subir esta escada divina da fé que se eleva e penetra até às profundezas de Deus. Por este motivo, acrescenta que saiu ‘disfarçada’, isto é, durante a sua ascensão na fé, despojou a veste e a maneira de ser natural para se revestir do divino e, graças a esse disfarce, escapou aos olhares do demônio, e a todo o temporal e racional, pois nada disto pode prejudicar a alma caminhando na fé. De tal maneira vai aqui escondida e encoberta e tão alheia a todos os enganos do demônio que verdadeiramente vai caminhando ‘na escuridão velada’, isto é, sem ser vista pelo demônio, para quem os esplendores da fé são mais obscuros que as trevas.” (2 Subida 1, 1). 

V/: Os soldados, quando crucificaram Jesus, tomaram suas roupas e repartiram-nas em quatro partes.

R/: Quanto à túnica, disseram: Não a rasguemos, mas tiremos a sorte, para ver com quem ficará.

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DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO: JESUS É PREGADO À CRUZ 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele. Por suas feridas, fomos curados. Todos nós como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada um o seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.” (Isaías 53, 5-6). 

Texto sanjuanista: 

“Na verdade, o padecer é para a alma o meio para entrar mais adentro na espessura da deleitosa sabedoria de Deus, porque o mais puro padecer traz mais íntimo e puro entender e, consequentemente, mais puro e subido gozar, pelo fato de ser conhecimento em maior profundidade. Por isto, não se contentando a alma com qualquer maneira de padecer, diz: ‘Entremos mais adentro na espessura’, isto é, entremos até nos apertos da morte, a fim de ver a Deus.” (Cântico 36, 12). 

V/: Chegando ao lugar chamado Gólgota, lá o crucificaram, bem como a dois malfeitores, um à sua direita e outro à sua esquerda.

R/: Pilatos redigiu também um letreiro e o fez colocar sobre a cruz; nele estava escrito: Jesus Nazareno, o rei dos judeus. 

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DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO: JESUS MORRE NA CRUZ 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como cordeiro conduzido ao matadouro; como ovelha que permanece muda na presença dos tosquiadores, ele não abriu a boca. (...) O Senhor quis esmagá-lo pelo sofrimento. Porém, se ele oferece a sua vida como sacrifício expiatório, certamente verá uma descendência, prolongará seus dias, e por meio dele o desígnio de Deus triunfará.” (Isaías 53, 7.10). 

Texto sanjuanista: 

“No momento da morte, ficou com a alma abatida, sem consolo nem alívio algum, no desamparo e abandono do Pai, que o deixou em profunda amargura na parte inferior da alma. Tão grande foi esse desamparo, que o obrigou a clamar na cruz: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ (Mt 27,46). Nessa hora em que sofria o maior abandono sensível, realizou a maior obra que superou os grandes milagres e prodígios operados em toda a sua vida: a reconciliação do gênero humano com Deus, pela graça. Foi precisamente na hora do maior aniquilamento do Senhor em tudo, que essa obra se fez; aniquilamento quanto à sua reputação, reduzida a nada aos olhos dos homens, e estes vendo-o morrer na cruz, longe de estimá-lo, dele zombavam; aniquilamento quanto à natureza, pois nela se aniquilava morrendo; e enfim quanto ao seu espírito igualmente exposto ao desamparo pela privação do consolo interior do Pai que o abandonava para que pagasse puramente a dívida da humanidade culpada, efetuando a obra da redenção nesse aniquilamento completo.” (2 Subida 7, 11). 

V/: Era já mais ou menos a hora sexta quando o sol se apagou e houve treva sobre a terra inteira até a hora nona.

R/: O véu do Santuário rasgou-se ao meio, e Jesus deu um forte grito: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. 

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DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO: JESUS É DESCIDO DA CRUZ 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“Quão solitária está a cidade populosa! Tornou-se viúva a primeira entre as nações. Ela passa a noite chorando, pelas faces correm-lhe lágrimas. Não há quem a console entre os que a amam.” (Lamentações 1, 1ab. 2ab). 

Texto sanjuanista: 

“Por vezes, e em certas ocasiões, Deus permite à alma sentir coisas que a fazem sofrer, para que tenha maior mérito e se afervore no amor, ou por outras razões, como fez com a Virgem Mãe.” (Cântico 20/21, 10). 

V/: José de Arimateia pediu a Pilatos para retirar o corpo do Senhor da cruz.

R/: Eles tomaram, então, o corpo de Jesus e o envolveram em faixas de linho com aromas. 

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DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO: JESUS É SEPULTADO 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Texto bíblico: 

“Dentre os contemporâneos, quem se preocupou com o fato de ter sido cortado da terra dos vivos, de ter sido ferido pela transgressão do seu povo? Deram-lhe sepultura com os ímpios, seu túmulo está com os ricos, embora não tivesse praticado violência, nem houvesse engano em sua boca.” (Isaías 53, 8-9). 

Texto sanjuanista: 

“Se queres ser perfeito, vende tua vontade, dá-a aos pobres de espírito, aproxima-te de Cristo com mansidão e humildade, segue-o até o calvário e o sepulcro.” (Ditos de luz e amor 176). 

V/: Havia um jardim – no lugar onde Jesus fora crucificado – e nele, um sepulcro novo em que ninguém tinha sido sepultado.

R/: Foi ali, então, que depuseram o corpo do Senhor.

 

***

INVOCAÇÕES FINAIS 

V/: Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.

R/: Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

V/: Rogai por nós, Virgem dolorosíssima.

R/: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

V/: Oremos por nosso Santo Padre o Papa N.

R/: Que o Senhor o conserve e o vivifique, que o faça viver feliz sobre a terra e o preserve da maldade de seus inimigos.

V/: Oremos por nossos irmãos falecidos: Descanso eterno dai-lhes, Senhor.

R/: E que a luz perpétua os ilumine.

V/: Que eles descansem em paz.

R/: Amém.

V/: Oremos: Lançai o Vosso olhar, suplicantes vos pedimos, Senhor, sobre esta vossa família, pela qual Nosso Senhor Jesus Cristo não hesitou entregar-se nas mãos dos perversos e suportar o tormento da Cruz. Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, que, à sexta hora do vosso dia derradeiro, subistes ao patíbulos da Cruz, para a redenção do mundo, e derramastes o vosso precioso sangue para a remissão dos nossos pecados, humildemente vos suplicamos a graça de poder, depois da nossa morte, transpor com alegria a porta do paraíso. Interceda por nós, como vos pedimos, ó Senhor Jesus Cristo, agora e na hora de nossa morte junto à vossa clemência, a Virgem Maria vossa Mãe, cuja sacratíssima alma, na hora da vossa paixão, foi transpassada pelo gládio de dor. Senhor Jesus Cristo, que, ao arrefecer-se a caridade do mundo, renovais os mistérios insondáveis de vossa paixão em cada sacrifício eucarístico, a fim de abrasar os nossos corações com o fogo do vosso amor, concedei-nos, em vossa bondade, que, pelos méritos de nossa redenção, tenhamos sempre um espírito de penitência e de reparação pelos pecados do mundo inteiro. Deus onipotente e eterno, tende piedade de vosso servo, o nosso Santo Padre o Papa N., e o conduzi, segundo a vossa clemência, pelo caminho da salvação eterna, para que, mediante a vossa graça, execute sempre, com todo esforço, o que for mais de vosso agrado. Ó Deus, que concedeis o perdão e amais a salvação dos homens, nós imploramos a vossa clemência para nossos parentes, amigos e irmãos desconhecidos, que saíram deste mundo, a graça de chegar, por intercessão da sempre Virgem Maria e de todos os vossos santos, à participação da bem-aventurança eterna. Tudo isso vos pedimos, por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.


terça-feira, 31 de outubro de 2023

VIA SACRA PELAS BENDITAS ALMAS DO PURGATÓRIO (para uso uso privado)

Pelo sinal da Santa Cruz , livrai-nos Deus, nosso Senhor , dos nossos inimigos . Em Nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo .  Amém!


Santíssima Virgem das Dores, Nossa Senhora do Calvário, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora das Lágrimas, ó Virgem Dolorosa, convosco desejo percorrer esta Via Sacra, em união com vossos imensos méritos e por meio de vossas poderosíssimas preces, em favor das benditas almas do Purgatório, nossas irmãs.

Supri, com vossa incomensurável santidade, e com a luz de vossa Alma imaculada e gloriosíssima, o que a minha indignidade não consegue perante o Trono da Santíssima Trindade.

Alcançai, pelos méritos infinitos da Paixão de vosso amantíssimo Filho Jesus, Deus-Homem verdadeiro, o sufrágio, o alívio e a remissão das penas temporais que as benditas almas do Purgatório devem. Peço, também, a intercessão poderosa do glorioso patriarca São José, um dos principais intercessores pelas almas do Purgatório, bem como do bem-aventurado São Miguel Arcanjo e de todos os santos e santas que mais se destacaram na devoção e dedicação por rezarem pelas benditas almas que estão no fogo purificador do Purgatório.

Eu vos rogo e peço, especialmente, pelas almas de nossos parentes, amigos e conhecidos, bem como pelas almas dos sacerdotes, vossos filhos prediletos, que possam estar ainda no Purgatório. Amém!

 



1ª Estação: Jesus é condenado à morte.

Nós vos adoramos (ajoelhar-se ou fazer a vênia), Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos da condenação à morte de vosso diletíssimo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e todas as injustiças por Ele sofridas nessa condenação, em expiação das penas temporais das almas do Purgatório. Lá elas expiam penas justas, causadas por seus pecados mortais – perdoados no sacramento da confissão –, por seus pecados veniais, por seus desleixos, por suas tibiezas e até mesmo pelo menor traço de mancha que possa ainda existir em suas almas. Ó Pai, que vossa infinita Misericórdia, manifestada na Sagrada Paixão e Morte de vosso Filho Jesus, venha em socorro dessas pobres almas e as resgate daquelas terríveis prisões o mais brevemente possível.

De modo especial, pedimos perdão e purificação das penas merecidas por pecados de vaidade, de orgulho, de vanglória, de apego às coisas materiais e de desobediência que tais almas, que agora não mais Vos ofendem, cometeram na vida terrena.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 


2ª Estação: Jesus é carregado com o peso da Cruz.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço, os méritos infinitos do peso da Santa Cruz, suportado por vosso diletíssimo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, bem como o imenso Amor que Ele teve por sua Cruz e pela salvação das almas, em expiação das penas temporais das almas do Purgatório. A Santa Cruz carregada por Jesus em seus ombros representa todos os nossos pecados e faltas. Oh! Como as almas do Purgatório entendem perfeitamente isso e choram amargamente até mesmo o menor pecado que cometeram nesta vida, que foram a causa de vossa condenação à morte de cruz!

De modo especial, pedimos a purificação das penas temporais devidas pelas muitas vezes que elas murmuraram contra a cruz cotidiana ou não souberam receber a cruz que o bom Deus lhes enviou com a devida resignação e paciência. 

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos da primeira queda de Jesus, sua grande fraqueza e todas as afrontas e humilhações que sofreu nesta queda, bem como as dores das chagas de seus santos joelhos e de seus ombros, em expiação das penas temporais das almas do Purgatório.

De modo especial, ofereço-vos em expiação pelas “recaídas” nos mesmos pecados, que muitas vezes essas benditas almas cometeram em suas vidas terrenas: quer pecados mortais (já perdoados), quer pecados veniais.  

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

4ª Estação: Jesus encontra sua Santíssima Mãe no caminho para o Calvário.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos dos Santíssimos e Puríssimos Corações de Jesus e de Maria, neste dolorosíssimo encontro entre ambos no caminho para o Calvário. Ofereço-Vos as lágrimas ardentes que Jesus e Maria derramaram ao entreolharem-se, transidos de dor e de compaixão mútuas, em expiação das penas temporais das almas do Purgatório. 

De modo especial, ofereço-vos em expiação por aqueles que, em sua vida terrena, não amaram o suficiente e nem foram fiéis devotos do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria e por aqueles que, em muitos momentos de suas vidas, relaxaram, ou, praticamente esqueceram a devoção aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria. Agora, nas chamas do Purgatório, conhecem e sabem o infinito Amor com que foram e são amadas por Eles.  

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

5ª Estação: Jesus é ajudado por Simão Cirineu.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos da extrema fraqueza e desfalecimento que o Corpo Sacrossanto de Vosso Filho, nosso Senhor Jesus Cristo sentiu no caminho para o Calvário. Ofereço-Vos a necessidade de ajuda que Ele precisou, enviando a Vossa Providência a Simão, o Cirineu, para que O ajudasse.  

De modo especial, ofereço-vos em expiação pelos pecados e dívidas daquelas almas que padecem no Purgatório por pecados de “repetição” ou reincidentes, frutos de nossa fraqueza humana, de nossa tibieza e pouco esforço em contribuir com a Graça divina, especialmente, quando não buscamos os auxílios da Graça através dos Sacramentos, da oração e da mortificação dos sentidos.    

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

6ª Estação: Jesus tem a sua Santa Face enxugada pelo véu de Santa Verônica.

Nós vos adoramos    Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos da Sagrada e Adorável Face de Vosso diletíssimo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, coberta de sangue, de suor e de escarros, cruelmente vilipendiada e desfigurada, impressa no véu de santa Verônica, que, com tanto amor, A enxugou com seu véu.   

De modo especial, ofereço-vos em expiação pelos pecados e dívidas daquelas almas que padecem no Purgatório por causa de seus pecados, que desfiguraram a beleza da alma em estado de graça, beleza essa recebida no Santo Batismo.

Que nossas preces possam, por Vossa infinita bondade e misericórdia, juntamente com os méritos da Virgem Maria, de São José, de São João Batista, de São Miguel Arcanjo, de São Nicolau Tolentino, de Santa Teresa de Jesus, de Santa Margarida de Cortona, de Santa Catarina de Gênova, de São Pio de Pietrelcina, de Santa Faustina Kowalska, de São João Mácias e tantos outros santos e santas, que foram devotos (as) das almas do Purgatório, limpar-lhes as almas, alcançando-lhes sua libertação de suas prisões o mais brevemente possível.    

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

7ª Estação: Jesus cai pela segunda vez.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos da segunda queda de Jesus, em expiação das penas temporais das almas do purgatório, por causa, mais uma vez, das chamadas “quedas repetidas”, fruto da fraqueza humana, da tibieza, das indiferenças ou do desleixo na vida espiritual que tiveram ou manifestaram em sua vida terrena. 

Que os méritos infinitos de Vosso Filho e os auxílios poderosíssimos da intercessão e dos méritos de Vossa Mãe Santíssima e de São José vão em socorro dessas almas, dando-lhes o alívio, o sufrágio e a libertação que tanto e tão ardentemente almejam. Amém!

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

8ª Estação: Jesus consola as santas mulheres de Jerusalém.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos do Coração Compassivo e Misericordioso de Vosso diletíssimo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que se compadece de nós, a todo momento, ao contemplar as nossas fraquezas e limitações humanas. 

De modo especial, ofereço-vos em expiação pelas dívidas daquelas almas que padecem no Purgatório por pecados de falta de amor e de santo temor por Vós, ó Senhor, que tanto amais as nossas almas e as almas do Purgatório.

Pelos méritos e preces de Vossa Mãe Santíssima e de São José, alcançai-lhes o alívio, o sufrágio e a libertação que tanto e tão ardentemente almejam essas benditas almas, em meio às chamas do Purgatório.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

9ª Estação: Jesus cai pela terceira vez.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos da terceira queda de Jesus, bem como as dores e o preciosíssimo Sangue vertido pelas Santas Chagas dos joelhos e do ombro de Jesus. Especialmente, eu Vos ofereço pelos méritos da Santa Chaga do Ombro de Jesus, causada pelo peso da Cruz, que dilaceram suas carnes, abrindo uma grande, profunda e dolorosíssima Chaga. Recordo-vos, também, as lágrimas de Vossa terníssima e amantíssima filha, a Virgem Maria, Mãe de Jesus, derramadas durante todo o percurso para o Calvário, para aplacar vossa santíssima Justiça, em favor das almas. 

De modo especial, ofereço-vos, mais uma vez, em expiação pelas dívidas daquelas almas que padecem no Purgatório por pecados de tibieza, falta de perseverança e reincidências em pecados já perdoados e não ainda devidamente reparados e compensados aqui na terra.

Pelos méritos e preces de Vossa Mãe Santíssima e de São José, alcançai-lhes o alívio, o sufrágio e a libertação que tanto e tão ardentemente almejam essas benditas almas, em meio às chamas do Purgatório.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

10ª Estação: Jesus é despido de suas vestes.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos do Santíssimo e Inocentíssimo Corpo de Jesus, vilipendiado, humilhado e exposto publicamente, em sua nudez, ao ter suas vestes arrancadas por seus verdugos. Oh! Quanta vergonha e vexame não sentiu o inocentíssimo Cordeiro ao ver-se despido diante de tantos olhos indignos e de tantos que riam de sua situação tão humilhante! Recordo-Vos, ó Pai, o quanto sofreu e chorou a beatíssima Virgem Maria, vossa amantíssima Filha e Vos dou graças por terdes permitido que Ela conseguisse cobrir, o quanto pôde, com seu santíssimo véu, as partes do Corpo de Jesus que jamais poderiam ficar expostas, pois, a exposição delas causaram um constrangimento, uma vergonha e uma dor inadmissíveis Àquele que é a própria Inocência encarnada, o inocentíssimo Cordeiro, muito mais puro que todos os Serafins do Céu e até mais puro que a própria Virgem Maria.

De modo especial, ofereço-vos tais sofrimentos interiores dos Corações Sacratíssimos de Jesus e de Maria em expiação pelos pecados e dívidas que padecem as almas do Purgatório por pecados de impureza, luxúria, concupiscência, fornicação ou adultério, perdoados pelo sacramento da confissão ou, às vezes, através de um sincero arrependimento, momentos antes da morte, porém, não devidamente reparados em vida, por uma vida santa, pela penitência, pela mortificação e nem pelos méritos de indulgências, quer plenárias, quer parciais.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

11ª Estação: Jesus é pregado à Cruz.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos da Sagrada Crucifixão de Jesus, as dores atrozes e lancinantes sentidas por Ele no momento que os cravos, às marteladas, foram rasgando seus punhos e seus pés, especialmente os nervos neles existentes, causando-lhes dores indescritivelmente intensas. Ofereço-Vos, igualmente, vosso divino Filho sendo suspenso no madeiro da Cruz, as dores do “baque” da Cruz no solo e todos os sofrimentos que a tortura da cruz causa nos condenados: as terríveis dores nos pés, nas mãos e a asfixia que levou à morte, lentamente, o Santíssimo Crucificado.

De modo especial, ofereço-vos em expiação pelos pecados e dívidas daquelas almas que padecem no Purgatório por todas as espécies, tipos e qualidades de pecados, quer os mortais (já perdoados na confissão), quer os veniais, isto é, todos os pecados que as almas do Purgatório cometeram em suas vidas e que agora, em meio às chamas de arrependimento, de dor e de amor que sentem por Vós, gritam e choram pedindo clemência e misericórdia.

Olhai, ó Pai, para essas pobres almas através das Sacrossantas Chagas de Jesus e olhai, também, para seu Preciosíssimo Sangue, derramado na Cruz e continuamente derramado, não mais de forma cruenta, mas, mística, em todas as Santas Missas celebradas no mundo inteiro.

Levai em consideração, igualmente Vos pedimos, as Lágrimas e as Preces de vossa diletíssima filha, a Virgem Maria, bem como os méritos de todos os santos e santas que rogam sem cessar pelas almas do Purgatório. Amém! 

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

12ª Estação: Jesus morre na Cruz.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos das Santíssimas Agonia e Morte de vosso Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Vede seu Sagrado Coração agonizante, já com dificuldade para pulsar. Deixai-Vos comover pelo grito de Jesus na Cruz, quando entregou sua Santíssima Alma a Vós, num gesto de imolação completa à vossa divina Justiça.

Olhai, também, ó Pai, para as lágrimas que Maria, vossa diletíssima Filha e Mãe de vosso Filho derramou ao presenciar a Morte de Jesus e as dores lancinantes que seu Imaculado Coração sentiu neste terrível momento.  

De modo especial, tudo isso eu Vos ofereço em expiação pelos pecados e dívidas daquelas almas que padecem no Purgatório por todos os seus pecados, que macularam suas almas, tornando-as ainda indignas de participarem do banquete celeste, mas, que tanto Vos amam e Vos desejam ver e gozar na eterna glória do Céu. 

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

13ª Estação: o Corpo de Jesus é descido da Cruz e colocado nos braços de sua Mãe.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos do Corpo Santíssimo de nosso Senhor Jesus Cristo, já morto, porém, ainda unido ao Verbo Eterno, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, portanto, digno de toda honra e adoração.

Ofereço-Vos, também, as dores excruciantes e indescritíveis que o Coração de Maria sentiu ao ter em seus santos e imaculados braços o Corpo de Jesus, coberto de Chagas e de Sangue. Ela sentiu, nesse momento, toda a dor da miséria humana e dos pecados da humanidade, que simplesmente “destroçaram” o Corpo de Jesus. Ofereço-Vos as lágrimas copiosas derramadas por Maria, vossa diletíssima filha, bem como a espada de dor que lhe transpassou a alma.

De modo especial, ofereço-vos em expiação pelos pecados e dívidas daquelas almas que padecem no Purgatório por pecados de pouca devoção, pouco reconhecimento ou até mesmo “esquecimento” do quanto Jesus e Maria sofreram no Calvário. A lembrança da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo, para nós católicos, era para ser diária. Nós deveríamos, diariamente, chorar a Paixão de Jesus e as Dores de Maria, mas, nossas almas tíbias e relapsas, não o fazem. Preocupamo-nos e ocupamo-nos muito mais com as coisas deste mundo, com coisas passageiras e até mesmo supérfluas. 

Agora, no Purgatório, as almas tem a total consciência de quanto falharam nesse amor, na consideração e na devoção que deveriam ter tido em vida à Sagrada Paixão e Morte de Jesus. E choram veementemente, pedindo perdão à vossa divina Justiça e Misericórdia.

Que nossas preces as socorram neste momento.

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

14ª Estação: O Corpo de Jesus é sepultado.

Nós vos adoramos Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo!

Eterno Pai, eu Vos ofereço os méritos infinitos do sepultamento do Corpo Sacrossanto de nosso Senhor Jesus Cristo, depositado no silêncio e na escuridão do túmulo. Jesus, em breve, iria ressuscitar. Mas, seu sepultamento é símbolo de como Jesus é esquecido e desprezado por bilhões de corações humanos, aos quais Ele tanto quer bem.

Recordemos, também, a experiência mística que a Virgem Dolorosa experimentou: a SOLEDADE, isto é, uma total perda da presença de Deus em sua alma. Durante toda a vida, junto com seu Filho, o Verbo humanado, a alma de Maria esteve unida misticamente à Alma de Jesus. Pois bem: durante as 36 horas que antecederam a ressurreição de Jesus, apesar de ter plena fé de que Ele ressuscitaria na madrugada de domingo, a alma e o Coração de Maria experimentaram o dom místico da soledade, aquele mesmo dom que a Alma de Cristo experimentou na Cruz ao gritar: “Eli, Eli, lammá sabactani”? 

Segundo os místicos, são sentimentos indizíveis, impossíveis de serem entendidos pela mente humana, pois, somos pecadores e nosso amor a Jesus é limitado. Não somos imaculados como Maria o era, nem somos unidos a Jesus e nem o amamos como Ela era unida a Ele e como Ela O amava.

De modo especial, ofereço-vos em expiação pelos pecados e dívidas daquelas almas que padecem no Purgatório por todos os seus pecados, que estão causando a essas almas sofrimentos parecidos (claro que em escala bem menor) aos de Maria: todas sentem em suas almas a ausência de Deus. Na terra esse sentimento é muito fraco. Fraquíssimo. Poucos foram os santos que o sentiram de forma mais intensa. Só que, no Purgatório, tais almas sentem a ausência de Deus em graus tão elevados que, se sentíssemos cá na terra, morreríamos instantaneamente. 

Ofereçamos nossas preces, nossas Missas, rosários, terços, vias sacras e os méritos de nossas boas obras, para que elas alcancem, o mais brevemente possível, a libertação destas terríveis e purificantes prisões. 

Pai Nosso, Ave Maria e Glória (ou, pelo menos uma Ave Maria).

 

Oração final:

Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, nós Vos adoramos, bendizemos e Vos damos graças, pois, pela intercessão de Maria, de São José, de nossos santos anjos da guarda e de nossos santos patronos, ouvistes e acolhestes nossas preces.

Não sabemos quantas almas saíram ou sairão hoje do Purgatório graças a essa Via Sacra, rezada devotamente.

Mas, pedimos a elas que, na mesma caridade de Cristo, que nos une, e pelo dogma da Comunhão dos Santos, tenham piedade de nós e que, do Céu, intercedam por nossa conversão, perseverança e santificação. E que, quanto um dia, nossas almas estiverem também no Purgatório, que se lembrem de nós. 

Muito obrigado, irmãs! Adorem e louvem por nós, na visão beatífica, à Santíssima Trindade! Até breve! Um dia, se Deus quiser, nos conheceremos e cantaremos as misericórdias do Senhor por toda a eternidade. Amém! Amém! Amém!

Em Nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo ╬.  Amém!

 

 


Autor: Giovani Carvalho Mendes, ocds - Ir. João Maria da Encarnação, ocds. 

(Comunidade Flor do Carmelo de Santa Teresinha, Fortaleza - CE).