sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

SANTA MARIA MARAVILHAS DE JESUS, Virgem de nossa Ordem (11 de dezembro).

Nasceu em Madri, em 04 de novembro de 1891. Foi batizada no dia 12 do mesmo mês e ano, na paróquia de São Sebastião, com o nome de Maria Maravilhas Pidal y Chico de Gusmán.
Filha de Dom Luís Pidal y Mon e de Dona Cristina Chico de Gusmán y Muñoz, marqueses de Pidal. O pai era nesta época o embaixador da Espanha ante a Santa Sé. Havia sido Ministro de Fomento.
Distinguiu-se sempre por suas gestões a favor da Igreja. Com seu irmão, o filósofo Alejandro Pidal, criou a União Católica, um partido político que agradou muito ao Papa Leão XIII e à maioria dos bispos espanhóis.  Em um ambiente de tanta religiosidade e distinção, a educação da santa foi esmeradíssima. Recebeu o sacramento da confirmação em 1896 e a primeira comunhão em 1902.

Dotada de grandes qualidades humanas, entre quais se destacam uma inteligência clara e profunda e uma vontade sempre orientada para o bem. Desde menina – ela mesma o diria – que se sentia chamada à vida consagrada. Dizia até que sua vocação havia nascido com ela.  Em sua juventude, além de cultivar sua vida de piedade e de levar a cabo seus estudos privados da língua e cultura geral, se dedicou às obras de beneficência e caridade, ajudando a muitas famílias, pobres e marginalizados.

Em 12 de outubro de 1919 entrou no Carmelo de El Escorial, próximo a Madri. Tomou o hábito em 1920 e fez sua primeira profissão religiosa em 1921.
O que levou a Santa Maria Maravilhas ao Carmelo foi o amor a Cristo, seus desejos de pagar-Lhe o Amor com amor. Centenas de vezes, em suas cartas, expressa este desejo de amá-lO com loucura, de corresponder com excessos ao infinito amor de Cristo. Este amor a Jesus Cristo está intimamente unido à sua devoção ao Coração de Jesus. Sabemos de suas largas vigílias diante do sacrário, em seus primeiros anos de carmelita, em El Escorial. Nessas horas, a sós com Deus, se forjou a fundação do Carmelo de Cerro de Los Angeles, que haveria de ser “lâmpada viva que se consumiria de amor e reparação ante o Coração de Cristo”.

Monumento ao Coração de Jesus, em Cerro de Los Angeles



Em Cerro de Los Angeles, centro geográfico da Espanha, onde se havia erguido um monumento ao Sagrado Coração de Jesus, se consagrou nele a nação espanhola em 30 de maio de 1919, pelo rei Afonso XIII.
Em 19 de maio de 1924, a irmã Maravilhas e outras três religiosas de El Escorial se instalaram em uma casa provisória no povoado de Getafe para, dali, atender à edificação do convento do Cerro. Nesta ocasião, fez sua profissão solene em 30 de maio do mesmo ano.
Em junho de 1926 foi nomeada priora da comunidade e, poucos meses depois, em 31 de outubro, se inaugurava o novo Carmelo em Cerro de los Angeles. Pronto se povoou o novo Carmelo de vocações, o que a impulsionava a multiplicar as “Casas da Virgem”.
Em 1933 fez a fundação de Kottayam (Índia), enviando oito monjas. Desde 1944 a 1966, lhe seguem outras nove fundações na Espanha. Em julho de 1936 estourou a famigerada Guerra Civil Espanhola e as monjas do Cerro tiveram que sair do convento. Em 1939, voltou com um grupo de monjas para recuperar o convento do Cerro, que havia ficado completamente destruído. Com muitos trabalhos e esforços em meio a uma grande escassez, a santa sabia infundir ânimo e alegria entre suas filhas.
Interessava-se pelos problemas dos outros e procurava dar-lhes solução. Lá de sua clausura de La Aldehuela funda um colégio para crianças pobres, faz construir uma vila de casas e uma igreja. Ajuda na construção de 200 vivendas próximas a La Aldehuela. Para levar a cabo essas e outras muitas obras, se apoiava confiantemente na Providência Divina.


Foto da santa já bastante idosa. Santa Maria Maravilhas tem um
extenso e riquíssimo epistolário. 



“Não quero a vida mais que para imitar o mais possível à de Cristo”, havia escrito. Com esse desejo, amou e praticou a pobreza heroicamente. Os carmelos que funda vivem em pobreza radical, sem rendas, com edifícios pequenos, com trabalho manual para seu sustento. Suas filhas a amavam, tal eram o equilíbrio, serenidade, caridade e delicadeza com todas.
 Sua alegria era plena de paz, sem estridências, sempre afável, sem impor seu critério; pedia sempre o parecer das demais. Eram contínuas as enfermidades e penitência (dormia pouco, vestida e deitada no chão). O apreço pela oração era extraordinário. Viveu a espiritualidade de São João da Cruz, sentindo-se sempre uma pecadora e um “nada”. Com alternância de estados dolorosos e gozosos, nos revela: “me sinto amada pelo Senhor”.
Morreu no carmelo de La Aldehuela (Madrid) em 11 de dezembro de 1974, com uma morte cheia de paz e entrega. Repetia: “que felicidade morrer carmelita”!
Madre Maravilhas teve uma missão: conservar o espírito de contemplação amorosa e missionária ao máximo. Conservar e multiplicar estes “pombaizinhos da Virgem” como oásis de paz e oração, neste mundo triste e cheio de conflitos.
Muitos dos que estudaram sua vida, consultores teológicos em Roma, a chamam: mulher carismática, profética e providencial.
Em 10 de maio de 1998, em solene cerimônia, celebrada em Roma, o Papa João Paulo II, de saudosa e venerável memória, beatifica Madre Maria Maravilhas de Jesus.
Sua canonização, celebrada pelo mesmo papa, ocorreu em. Sua memória litúrgica é celebrada em 11 de dezembro de cada ano.
Santa Maria Maravilhas de Jesus, rogai por nós!












quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A MAIS BELA "PROFISSÃO" DO HOMEM É REZAR E AMAR (São João Maria Vianney, o Cura d'Ars).

"Prestai atenção, meus filhinhos: o tesouro do cristão não está na terra, mas nos céus. Por isso, o nosso pensamento deve estar voltado para onde está o nosso tesouro. Esta é a mais bela profissão do homem: rezar e amar. Se rezais e amais, eis aí a felicidade do homem sobre a terra.

A oração nada mais é do que a união com Deus. Quando alguém tem o coração puro e unido a Deus, sente em si mesmo uma suavidade e doçura que inebria, e uma luz maravilhosa que o envolve.

Nesta íntima união, Deus e a alma são como dois pedaços de cera, fundidos num só, de tal modo que ninguém pode mais separar. Como é bela esta união de Deus com sua pequenina criatura! É uma felicidade impossível de se compreender. Nós nos havíamos tornado indignos de rezar. Deus, porém, na sua bondade, permitiu-nos falar com ele. Nossa oração é o incenso que mais lhe agrada.

Meus filhinhos, o vosso coração é por demais pequeno, mas a oração o dilata e torna capaz de amar a Deus. A oração faz saborear antecipadamente a felicidade do céu; é como o mel que se derrama sobre a alma e faz com que tudo nos seja doce. Na oração bem feita, os sofrimentos desaparecem, como a neve que se derrete sob os raios do sol.

Há pessoas que mergulham profundamente na oração, como peixes na água, porque estão inteiramente entregues a Deus. Não há divisões em seus corações. Ó como eu amo estas almas generosas! São Francisco de Assis e Santa Clara viam nosso Senhor e conversavam com ele do mesmo modo como nós conversamos uns com os outros.

Nós, ao invés, quantas vezes entramos na Igreja sem saber o que iremos pedir. E, no entanto, sempre que vamos ter com alguém, sabemos perfeitamente o motivo por que vamos. Há até mesmo pessoas que parecem falar com Deus deste modo: 'Só tenho duas palavras para vos dizer e logo ficar livre de vós!'. Muitas vezes penso nisto: quando vamos adorar a Deus, podemos alcançar tudo o que desejamos, se o pedirmos com fé viva e coração puro".


(Do Catecismo de São João Maria Vianney)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM MARIA.



A esta criatura dileta entre todas, superior a tudo quanto foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus conferiu um privilégio incomparável, que é a Imaculada Conceição.

O vocabulário humano não é suficiente para exprimir a santidade de Nossa Senhora. Na ordem natural, os Santos e os Doutores A compararam ao sol. Mas, se houvesse algum astro inconcebivelmente mais brilhante e mais glorioso do que o sol, é a esse que A imaculada Conceição comparariam. E acabariam por dizer que este astro daria d'Ela uma imagem pálida, defeituosa, insuficiente. Na ordem moral, afirmam que Ela transcendeu de muito todas as virtudes, não só de todos os varões e matronas insignes da Antiguidade, mas - o que é incomensuravelmente mais - de todos os Santos da Igreja Católica.

Imagine-se uma criatura tendo todo o amor de São Francisco de Assis, todo o zelo de São Domingos de Gusmão, toda a piedade de São Bento, todo o recolhimento de Santa Teresa, toda a sabedoria de São Tomás, toda a intrepidez de Santo Inácio, toda a pureza de São Luiz Gonzaga, a paciência de um São Lourenço, o espírito de mortificação de todos os anacoretas do deserto: ela não chegaria aos pés de Nossa Senhora.


Mais ainda. A glória dos Anjos é algo de incompreensível ao intelecto humano. Certa vez, apareceu a um santo o seu Anjo da Guarda. Tal era sua glória, que o Santo pensou que se tratasse do próprio Deus, e se dispunha a adorá-lo, quando o Anjo revelou quem era. Ora, os Anjos da Guarda não pretendem habitualmente às mais altas hierarquias celestes. E a glória de Nossa Senhora está incomensuravelmente acima da de todos os coros angélicos.

Poderia haver contraste maior entre esta obra-prima da natureza e da graça, não só indescritível, mas até inconcebível, e o charco de vícios e misérias, que era o mundo antes de Cristo?

A Imaculada Conceição

A esta criatura dileta entre todas, superior a tudo quanto foi criado, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus conferiu um privilégio incomparável, que é a Imaculada Conceição.

Em virtude do pecado original, a inteligência humana se tornou sujeita a errar, a vontade ficou exposta a desfalecimentos, a sensibilidade ficou presa das paixões desordenadas, o corpo por assim dizer foi posto em revolta contra a alma.

Ora, pelo privilégio de sua Conceição Imaculada, Nossa Senhora foi preservada da mancha do pecado original desde o primeiro instante de seu ser. E, assim, n'Ela tudo era harmonia profunda, perfeita, imperturbável. O intelecto jamais exposto a erro, dotado de um entendimento, uma clareza, uma agilidade inexprimível, iluminado pelas graças mais altas, tinha um conhecimento admirável das coisas do Céu e da Terra.

A vontade, dócil em tudo ao intelecto, estava inteiramente voltada para o bem, e governava plenamente a sensibilidade, que jamais sentia em si, nem pedia à vontade algo que não fosse plenamente justo e conforme à razão. Imagine-se uma vontade naturalmente tão perfeita, uma sensibilidade naturalmente tão irrepreensível, esta e aquela enriquecidas e super-enriquecidas de graças inefáveis, perfeitissimamente correspondidas a todo o momento, e se pode ter uma ideia do que era a Santíssima Virgem. Ou, antes, se pode compreender por que motivo nem sequer se é capaz de formar uma ideia do que a Santíssima Virgem era.


"Inimicitias Ponam"

Dotada de tantas luzes naturais e sobrenaturais, Nossa Senhora conheceu por certo, em seus dias, a infâmia do mundo. E com isto amargamente sofreu. Pois quanto maior é o amor à virtude, tanto maior é o ódio ao mal.

Ora, Maria Santíssima tinha em si abismos de amor à virtude, e, portanto, sentia forçosamente em si abismos de ódio ao mal. Maria era, pois inimiga do mundo, do qual viveu alheia, segregada, sem qualquer mistura nem aliança, voltada unicamente para as coisas de Deus.

O mundo, por sua vez, parece não ter compreendido nem amado Maria. Pois não consta que lhe tivesse tributado admiração proporcionada à sua formosura castíssima, à graça nobilíssima, a seu trato dulcíssimo, à sua caridade sempre exorável, acessível, mais abundante do que as águas do mar e mais suave do que o mel.

E como não haveria de ser assim? Que compreensão poderia haver entre Aquela que era toda do Céu, e aqueles que viviam só para a Terra? Aquela que era toda fé, pureza, humildade, nobreza, e aqueles que eram todos idolatria, ceticismo, heresia, concupiscência, orgulho, vulgaridade? Aquela que era toda sabedoria, razão, equilíbrio, senso perfeito de todas as coisas, temperança absoluta e sem mácula nem sombra, e aqueles que eram todo desmando, extravagância, desiquilíbrio, senso errado, cacofônico, contraditório, berrante a respeito de tudo, e intemperança crônica, sistemática, vertiginosamente crescente em tudo? Aquela que era a fé levada por uma lógica adamantina e inflexível a todas as suas consequências, e aqueles que eram o erro levado por uma lógica infernalmente inexorável, também a suas últimas consequências? Ou aqueles que, renunciando a qualquer lógica, viviam voluntariamente num pântano de contradições, em que todas as verdades se misturavam e se poluíam na monstruosa interpenetração de todos os erros que lhe são contrários?

"Imaculado" é uma palavra negativa. Ela significa etimologicamente a ausência de mácula, e, pois, de todo e qualquer erro por menos que seja, de todo e qualquer pecado por mais leve e insignificante que pareça. É a integridade absoluta na fé e na virtude. E, portanto, a intransigência absoluta, sistemática, irredutível, a aversão completa, profunda, diametral a toda a espécie de erro ou de mal. A santa intransigência na verdade e no bem, é a ortodoxia, a pureza, enquanto em oposição à heterodoxia e ao mal. Por amar a Deus sem medida, Nossa Senhora correspondentemente amou de todo o Coração tudo quanto era de Deus. E porque odiou sem medida o mal, odiou sem medida Satanás, suas pompas e suas obras, o demônio e a carne. Nossa Senhora da Conceição é Nossa Senhora da santa intransigência.


Verdadeiro ódio, verdadeiro amor

Por isto, Nossa Senhora rezava sem cessar. E segundo tão razoavelmente se crê, Ela pedia o advento do Messias, e a graça de ser uma serva daquele que fosse escolhida para Mãe de Deus.

Pedia o Messias, para que viesse Aquele que poderia fazer brilhar novamente a justiça na face da Terra, para que se levantasse o Sol divino de todas as virtudes, espancando por todo o mundo as trevas da impiedade e do vício.

Nossa Senhora desejava, é certo, que os justos vivendo na Terra encontrassem na vinda do Messias a realização de seus anseios e de suas esperanças, que os vacilantes se reanimassem, e que de todos os pauis, de todos os abismos, almas tocadas pela luz da graça, levantassem voo para os mais altos píncaros da santidade. Pois estas são por excelência as vitórias de Deus, que é a Verdade e o Bem, e as derrotas do demônio, que é o chefe de todo erro e de todo o mal. A Virgem queria a glória de Deus por essa justiça que é a realização na Terra da ordem desejada pelo Criador.

Mas, pedindo a vinda do Messias, Ela não ignorava que este seria a Pedra de escândalo, pela qual muitos se salvariam e muitos receberiam também o castigo de seu pecado. Este castigo do pecador irredutível, este esmagamento do ímpio obcecado e endurecido, Nossa Senhora também o desejou de todo o Coração, e foi uma das consequências da Redenção e da fundação da Igreja, que Ela desejou e pediu como ninguém. Ut inimicos Santae Ecclesiae Humiliare digneris, Te rogamus audi nos, canta a Liturgia na linda Ladainha de Todos os Santos. E, antes da Liturgia, por certo o Coração Imaculado de Maria já elevou a Deus súplica análoga, pela derrota dos ímpios irredutíveis. Admirável exemplo de verdadeiro amor, de verdadeiro ódio.



Onipotência suplicante

Deus quer as obras. Ele fundou a Igreja par ao apostolado. Mas acima de tudo quer a oração. Pois a oração é a condição da fecundidade de todas as obras. E quer como fruto da oração a virtude.

Rainha de todos os apóstolos, Nossa Senhora é, entretanto e principalmente, o modelo das almas que rezam e se santificam, a estrela podar de toda meditação e vida interior. Pois, dotada de virtude imaculada, Ela dez sempre o que era mais razoável, e se nunca sentiu em si as agitações e as desordens das almas que só amam a ação e a agitação, nunca experimentou em si, tampouco, as apatias e as negligências das almas frouxas que fazem da vida interior um pára-vento a fim de disfarçar sua indiferença pela causa da Igreja. Seu afastamento do mundo não significou um desinteresse pelo mundo. Quem fez mais pelos ímpios e pelos pecadores do que Aquela que, para salvá-los, voluntariamente consentiu na imolação crudelíssima de seu Filho infinitamente inocente e santo? Quem fez mais pelos homens, do que Aquela que consentiu se realizasse em seus dias a promessa da vinda do Salvador?

Mas, confiante sobretudo na oração e na vida interior, não nos deu a Rainha dos Apóstolos uma grande lição de apostolado, fazendo de uma e outra o seu principal instrumento de ação?


Aplicação a nossos dias

Tanto valem aos olhos de Deus as almas que, como Nossa Senhora, possuem o segredo do verdadeiro amor e do verdadeiro ódio, da intransigência perfeita, do zelo incessante, do completo espírito de renúncia, que propriamente são elas que podem atrair para o mundo as graças divinas.

Estamos numa época parecida com a da vinda de Jesus Cristo à Terra. Em 1928 escreveu o Santo Padre Pio XI que "o espetáculo das desgraças contemporâneas é de tal maneira aflitivo, que se poderia ver nele a aurora deste início de dores que trará o Homem do pecado, elevando-se contra tudo quanto é chamado Deus e recebe a honra de um culto" (Enc. Miserentissimus Redemptor, de 08 de maio de 1928).

Que diria ele hoje? E a nós, que nos compete fazer? Lutar em todos os terrenos permitidos, com todas as armas lícitas. Mas antes de tudo, acima de tudo, confiar na vida interior e na oração. É o grande exemplo de Nossa Senhora.

O exemplo de Nossa Senhora, só com o auxílio de Nossa Senhora se pode imitar. E o auxílio de Nossa Senhora só com a devoção a Nossa Senhora se pode conseguir. Ora, a devoção a Maria Santíssima no que de melhor pode consistir, do que em lhe pedirmos não só o amor a Deus e o ódio ao demônio, mas aquela santa inteireza no amor ao bem e no ódio ao mal, em uma palavra aquela santa intransigência, que tanto refulge em sua Imaculada Conceição?

* * * * * * *

A Imaculada Conceição da Maria Virgem - singular privilégio concedido por Deus, desde toda a eternidade, Àquela que seria Mãe de seu Filho Unigênito - preside a todos os louvores que Lhe rendemos na recitação de seu Pequeno Ofício. Assim, parece-nos oportuno percorrer rapidamente a história dessa "piedosa crença" que atravessou os séculos, até encontrar, nas infalíveis palavras de Pio IX, sua solene definição dogmática.



Onze séculos de tranquila aceitação da "piedosa crença"

Os mais antigos Padres da Igreja, amiúde se expressam em termos que traduzem sua crença na absoluta imunidade do pecado, mesmo o original, concedida à Virgem Maria. Assim, por exemplo, São Justino, Santo Irineu, Tertuliano, Fírmio, São Cirilo de Jerusalém, Santo Epifânio, Teódoro de Ancira, Sedúlio e outros comparam Maria Santíssima com Eva antes do pecado. Santo Efrém, insigne devoto da Virgem, A exalta como tendo sido "sempre, de corpo e de espírito, íntegra e imaculada". Para Santo Hipólito Ela é um "tabernáculo isento de toda corrupção". Orígenes A aclama "imaculada entre imaculadas, nunca afetada pela peçonha da serpente". Por Santo Ambrósio é Ela declarada "vaso celeste, incorrupta, virgem imune por graça de toda mancha de pecado". Santo Agostinho afirma, disputando contra Pelágio, que todos os justos conheceram o pecado, "menos a Santa Virgem Maria, a qual, pela honra do Senhor, não quero que entre nunca em questão quando se trate de pecados".

Cedo começou a Igreja - com primazia da Oriental - a comemorar em suas funções litúrgicas a imaculada conceição de Maria. Passaglia, no seu De Inmaculato Deiparae Conceptu, crê que a princípios do Século V já se celebrava a festa da Conceição de Maria (com o nome de Conceição de Sant'Ana) no Patriarcado de Jerusalém. O documento fidedigno mais antigo é o cânon de dita festa, composto por Santo André de Creta, monge do mosteiro de São Sabas, próximo a Jerusalém, o qual escreveu seus hinos litúrgicos na segunda metade do século VII.

Tampouco faltam autorizadíssimos testemunhos dos Padres da Igreja, reunidos em Concílio, para provar que já no século VII era comum e recebida por tradição a piedosa crença, isto é, a devoção dos fiéis ao grande privilégio de Maria (Concílio de Latrão, em 649, e Concílio Constantinopolitano III, em 680).

Em Espanha, que se gloria de ter recebido com a fé o conhecimento deste mistério, comemora-se sua festa desde o século VII. Duzentos anos depois, esta solenidade aparece inscrita nos calendários da Irlanda, sob o título de "Conceição de Maria".

Também no século IX era já celebrada em Nápoles e Sicílias, segundo consta do calendário gravado em mármore e editado por Mazzocchi em 1744. Em tempos do Imperador Basílio II (976-1025), a festa da "Conceição de Sant'Ana" passou a figurar no calendário oficial da Igreja e do Estado, no Império Bizantino.

No século XI parece que a comemoração da Imaculada estava estabelecida na Inglaterra, e, pela mesma época, foi recebida em França. Por uma escritura de doação de Hugo de Summo, consta que era festejada na Lombardia (Itália) em 1047. Certo é também que em fins do século XI, ou princípios do XII, celebrava-se em todo o antigo Reino de Navarra.


Séculos XII-XIII: Oposições

No mesmo século XII começou a ser combatido, no Ocidente, este grande privilégio de Maria Santíssima. Tal oposição haveria ainda de ser mais acentuada e mais precisa na centúria seguinte, no período clássico da escolástica. Entre os que puseram em dúvida a Imaculada Conceição, pela pouca exatidão de ideias à matéria encontram-se doutos e virtuosos varões, como, por exemplo, São Bernardo, São Boaventura, Santo Alberto Magno e o angélico São Tomás de Aquino.




Século XIV: Escoto e a reação a favor do dogma

O combate a esta augusta prerrogativa da Virgem não fez senão acrisolar o ânimo de seus partidários. Assim, o século XIV se inicia com uma grande reação a favor da Imaculada, na qual se destacou, como um de seus mais ardorosos defensores, o Beato Raimundo Lulio, espanhol.

Outro dos primeiros e mais denodados campeões da Imaculada Conceição foi o Beato João Duns Escoto (seu país natal é incerto: Escócia, Inglaterra ou Irlanda; morreu em 1308), glória da Ordem dos Menores Franciscanos, o qual, depois de bem fixar os verdadeiros termos da questão, estabeleceu com admirável clareza os sólidos fundamentos para desvanecer as dificuldades que os contrários opunham à singular prerrogativa mariana.

Sobre o impulso dado por Escoto à causa da Imaculada Conceição, existe uma tocante legenda. Teria ele vindo de Oxford a Paris, precisamente para fazer triunfar o imaculatismo. Na Universidade da Sorbonne, em 1308, sustentou uma pública e solene disputa em favor do privilégio da Virgem.

No dia dessa grande ato, Escoto, quando chegou ao local da discussão, prosternou-se diante de uma imagem de Nossa Senhora que se encontrava em sua passagem, e lhe dirigiu esta prece: "Dignare me laudare te, Virgo sacrata: da mihi virtutem contra hostes tuos". A Virgem, para mostrar seu contentamento com esta atitude inclinou a cabeça - postura que, a partir de então, Ela teria conservado...

Depois de Escoto, a solução teológica das dificuldades levantadas contra a Imaculada Conceição se tornou casa dia mais clara e perfeita, com o que seus defensores se multiplicaram prodigiosamente. Em seu favor escreveram inúmeros filhos de São Francisco, entre os quais se podem contar os franceses Aureolo (m. em 1320) e Mayron (m. em 1325), o escocês Bassolis e o espanhol Guillermo Rubión. Acredita-se que esses ardorosos propagandistas do santo mistério estejam na origem de sua celebração em Portugal, nos primórdios do século XIV.

O documento mais antigo da instituição da festa da Imaculada nesse país é um decreto do Bispo de Coimbra, D. Raimundo Evrard, datado de 17 de Outubro de 1320. A par dos doutores franciscanos, cumpre ainda mencionar, entre os defensores da Imaculada Conceição nos séculos XIV-XV, o carmelita João Bacon (m. em 1340), o agostiniano Tomás de Estrasburgo, Dionísio, o Cartuxo (m. em 1471), Gerson (m. em 1429), Nicolau de Cusa (m. em 1464) e outros muitos esclarecidos teólogos pertencentes a diversas escolas e nações.



Séculos XV-XVI: acirradas disputas

Em meados do século XV, a Imaculada Conceição foi objeto de renhido combate durante o Concílio de Basiléia, resultando num decreto de definição sem valor dogmático, posto que este sínodo perdeu a legitimidade ao se desligar do Papa.

Entretanto, crescia cada dia mais o número das cidades, nações e colégios que celebravam oficialmente a festa da Imaculada. E com tal fervor, que nas cortes da Catalunha, reunidas em Barcelona entre 1454 e 1458, decretou-se pena de perpétuo desterro para quem combatesse o santo privilégio.

O autêntico Magistério da Igreja não tardou a dar satisfação aos defensores do dogma e da festa. Pela bula Cum proeexcelsa, de 27 de Fevereiro de 1477, o Papa Sixto IV aprovou a festa da Conceição de Maria, enriqueceu-a de indulgências semelhantes às festas do Santíssimo Sacramento e autorizou Ofício e Missa especial para essa solenidade.

Pelos fins do século XV, porém, a disputa em torno da Imaculada Conceição de tal maneira acirrou os ânimos dos contendores, que o mesmo Papa Sixto IV se viu obrigado a publicar, em data de 04 de setembro de 1483, a Constituição Grave Nimis, proibindo, sob pena de excomunhão, que os de uma parte chamassem hereges aos da outra.

Por essa época, festejavam a Imaculada célebres universidades, como as de Oxford, de Cambridge e a de Paris, a qual, em 1497, instituiu para todos os seus doutores o juramento e o voto de defender perpetuamente o mistério da Imaculada Conceição, excluindo de seus quadros quem não os fizesse. De modo semelhante procederam as universidades de Colônia (em 1499), de Magúncia (em 1501) e a de Valência (em 1530).

No Concílio de Trento (1545-1563) se ofereceu nova ocasião para denodado combate entre os dois partidos. Sem proferir uma definição dogmática da Imaculada Conceição, esta assembleia confirmou de modo solene as decisões de Sixto IV. A 15 de Junho de 1546, na sessão V, em seguida aos cânones sobre o pecado original, acrescentaram-se estas significativas palavras: "O sagrado Concílio declara que não é sua intenção compreender neste decreto, que trata do pecado original, a Bem-aventurada e imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, mas que devem observar-se as constituições do Papa Sixto IV, de feliz memória, sob as penas que nelas se cominam e que este Concílio renova".

Por esse tempo, começaram a reforçar as fileiras dos defensores da Imaculada Conceição os teólogos da recém-fundada Companhia de Jesus, entre os quais não se achou um só de opinião contrária. Aliás, pelos primeiros missionários jesuítas no Brasil temos notícia de que, já em 1554, celebrava-se o singular privilégio mariano em nosso País. Além da festa comemorada no dia 8 de Dezembro, capelas, ermidas e igrejas eram edificadas sob o título de Nossa Senhora da Conceição.

Entretanto, a piedosa crença ainda suscitava polêmicas, coibidas pela intervenção do Sumo Pontífice. Assim, em outubro de 1567, São Pio V, condenando uma proposição de Bayo que afirmava ter morrido Nossa Senhora em consequência do pecado herdado de Adão, proibiu novamente a disputa acerca do augusto privilégio da Virgem.

Séculos XVII e seguintes: consolidação da "piedosa crença"

No século XVII, o culto da Imaculada Conceição conquista Portugal inteiro, desde os reis e os teólogos até os mais humildes filhos do povo. A 9 de Dezembro de 1617, a Universidade de Coimbra, reunida em claustro pleno, resolve escrever ao Papa manifestando-lhe a sua crença na imaculabilidade de Maria.

Naquele mesmo ano, Paulo V, decretou que ninguém se atrevesse a ensinar publicamente que Maria Santíssima teve pecado original. Semelhante foi a atitude de Gregório XV, em 1622.

Por essa época, a Universidade de Granada se obrigou a defender a Imaculada Conceição com voto de sangue, quer dizer, comprometendo-se a dar a vida e derramar o sangue, se necessário fosse, na defesa deste mistério. Magnífico exemplo que foi imitado, sucessivamente, por grande número de cabidos, cidades, reinos e ordens militares.

A partir do século XVII também foram se multiplicando as corporações e sociedades, tanto religiosas como civis, e até mesmo estados, que adotaram por padroeira à Virgem no mistério de sua Imaculada Conceição.

Digna de particular referência é a iniciativa de D. João IV, Rei de Portugal, proclamando Nossa Senhora da Conceição padroeira de seus "Reinos e Senhorios", ao mesmo tempo em que jura defendê-La até à morte, segundo se lê na provisão régia de 25 de março de 1646. A partir deste momento, em homenagem à sua Imaculada Soberana, nunca mais os reis portugueses puseram a coroa na cabeça.

Em 1648, aquele mesmo Monarca mandou cunhar moedas de ouro e prata. Foi com estas que se pagou o primeiro feudo a Nossa Senhora. Com o nome de Conceição, tais moedas tinham no anverso a legenda: JOANNES IIII, D. G. PORTUGALIAE ET ALBARBIAE REX, a Cruz de Cristo e as armas lusitanas. No reverso: a imagem da Senhora da Conceição sobre o globo e a meia lua, com a data de 1648 e, nos lados, o sol, o espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e a Arca da Aliança, símbolos bíblicos da Santíssima Virgem.

Outro decreto de D. João IV, assinado em 30 de junho de 1654, ordenava que "em todas as portas e entradas das cidades, vilas e lugares de seus Reinos", fosse colocada uma lápide cuja inscrição exprimisse a fé do povo português na imaculada Conceição de Maria.

Igualmente a partir do século XVII imperadores, reis e as cortes dos reinos começaram a pedir com admirável constância, e com uma insistência de que há poucos exemplos na História, a declaração dogmática da Imaculada Conceição.

Pediram-na a Urbano VIII (m. em 1644) o Imperador Fernando II da Áustria; Segismundo, Rei da Polônia; Leopoldo, Arquiduque do Tirol; o eleitor de Magúncia; Ernesto de Baviera, eleitor de Colônia.

O mesmo Urbano VIII a pedidos do Duque de Mântua e de outros príncipes, criou a ordem militar dos Cavaleiros da Imaculada Conceição, aprovando ao mesmo tempo seus estatutos. Por devoção à Virgem Imaculada, quis ele ser o primeiro a celebrar o augusto Sacrifício na primeira igreja edificada em Roma sob o título da Imaculada, para uso dos menores capuchinhos de São Francisco.


Proclamação do Dogma pelo Papa Beato
Pio IX, em 08 de dezembro de 1854. 
Porém, o ato mais importante emanado da Santa Sé, no século XVII, em favor da Imaculada Conceição, foi a bula Sollicitude omnium Ecclesiarum, do Papa Alexandre VII, em 1661. Neste documento, escrito de sua própria mão, o Pontífice renova e ratifica as constituições em favor de Maria Imaculada, ao mesmo tempo em que impõe gravíssimas penas a quem sustentar e ensinar opinião contrária aos ditos decretos e constituições. Esta bula memorável precede diretamente, sem outro decreto intermediário, a bula decisiva de Pio IX.

Em 1713, Felipe V de Espanha e as Cortes de Aragão e Castela pediram a solene definição a Clemente XI. E o mesmo Rei, com quase todos os Bispos espanhóis, as universidades e Ordens religiosas, a solicitaram a Clemente XII, em 1732.

No pontificado de Gregório XVI, e nos primeiros anos de Pio IX, elevaram-se à Sé Apostólica mais de 220 petições de Cardeais, Arcebispos e Bispos (sem contar as dos cabidos e ordens religiosas) para que se fizesse a definição dogmática, que se deu no felicíssimo dia 08 de dezembro de 1854, através da Bula Ineffabilis Deus.




(Monsenhor João Clá Dias, EP, Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado, Volume I, 2° Edição - Agosto 2010, p. 436 à 441)

sábado, 5 de dezembro de 2015

Beato Bartolomeu Fanti, Presbítero (memória em 05 de novembro)


No dia  a memória facultativa do Beato Bartolomeu Fanti, italiano nascido em Mântua (em italiano diz-se “Mantova”). Não se tem muitos dados sobre a vida de Bartolomeu Fanti, que foi um dos diversos santos carmelitas de destaque que adornaram a cidade de Mântua durante o século XV. Nasceu por volta do ano 1443, e ingressou na Ordem com dezessete anos de idade.
Em 1452 já era sacerdote Carmelita da Congregação Mantuana (vide explicação abaixo). Após a ordenação sacerdotal, mostrou-se um pregador de grande poder. Suas palavras atraíam e convenciam seus ouvintes.  Foi durante 35 anos, praticamente até a sua morte,  diretor espiritual e reitor da Confraria da Bem-Aventurada Virgem Maria na igreja carmelita de sua cidade, para a qual escreveu a Regra e Estatutos, dedicando-se a esta tarefa com fervor e zelo, como se fazia necessário devido a importância social e religiosa desta Confraria.
Humilde e manso, foi para todos um exemplo de oração, generosidade e fidelidade no serviço à Deus. Distinguiu-se por um grande e profundo amor à Eucaristia, centro de sua vida apostólica. Era realmente admirável a devoção que tinha para com Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Foi através da unção com óleo da lamparina que ardia diante do Santíssimo que o Beato Bartolomeu realizou diversos dos seus milagres de curas. Distinguiu-se também por uma profunda e filial devoção a Nossa Senhora do Monte Carmelo, Patrona da Ordem.  
Foi mestre de noviciado do Beato Batista Mantovano, grande poeta e teólogo carmelitano, que fala dele como “um santo guia e mestre espiritual”.
Morreu em Mântua no dia 05 de dezembro de 1495 e seu corpo, depois de várias transladações, conserva-se hoje intacto na Catedral de Mântua. O decreto de confirmação de seu culto foi ratificado pelo Papa Pio X em 18 de março de 1909 e sua festa é celebrada no dia de sua morte.


Oração
Deus, nosso Pai, fizestes do Beato Bartolomeu Fanti um apóstolo do culto à Divina Eucaristia e da devoção à Santíssima Virgem Maria, concedei-nos, a nós também, a mesma riqueza espiritual que ele encontrou mediante a prática destas devoções. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


 
O Beato Bartolomeu foi mestre de vida espiritual de renome na Ordem do Carmo. 
Entre seus discípulos destaca-se o Beato Batista Mantuano. 


A Congregação Mantuana (1413-1783)

A congregação de Mântua viu a luz antes da mitigação da Regra, no ano de 1413, por obra de Jacó Alberto e o Beato Angelo Mazinghi. Estes dois religiosos começaram a vida reformada no convento de Le Selve, perto de Florença. Pouco depois esta vida reformada começou no convento de Mântua por obra dos PP. Francisco Tomás e Gigón de França. Neste convento se formaram ótimos religiosos como o beato Bartolomeu Fanti e o Beato Batista Mantuano.
No ano de 1427 agregou-se à Congregação um novo convento, o de Gironde, na Suíça, da diocese de Sitten. Entre os fundadores deste convento está Tomás Connecte, chamado o “Savonarola Francês”, célebre pregador e reformador violento que morreu em Roma queimado vivo, por acusação de heresia não retratada.

Até o ano de 1452 a Congregação de Mântua teve somente estes três conventos. Depois fundaram conventos em Ferrara, Brescia, Lucca, Parma, Modena, Bolonha, Bérgamo, Gênova, Milão, Florença, Pistóia, Veneza, Pavia e outros. Quando a Congregação foi suprimida contava com 53 conventos de frades e 7 de monjas. Estava dividida em 6 províncias.

Em 1442 a Congregação foi aprovada por Eugênio IV com o direito de eleger seu próprio Vigário Geral. Como tal foi eleito Pedro Estêvão de Toulouse. Floresceram em santidade Tomás de França, o Beato Angelo Mazzinghi, o Beato Bartolomeu Fanti, o Beato Batista Spagnoli, a Beata Juana Scopelli e a Beata Arcangela de Trino. Deu também esta Congregação dois gerais para a Ordem: Cristóvão Martignone (1472-1481) e o Beato Batista Mantuano (1513-1516).


O hábito que usavam os reformados era de cor cinza e a capa curta, e as sandálias da mesma cor do hábito ou brancas. Os mantuanos observavam com rigor o voto de pobreza e davam extremo valor à observância da vida comum. No dia 21 de março de 1783 o Papa Pio VI agregou os seus conventos à Ordem, extinguindo a Congregação como tal.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Beata Teresa de Calcutá: canonização próxima graças a milagre no Brasil?


Madre Teresa de Calcutá pode ser canonizada "por causa de um brasileiro". Entrevista ao Pe. Elmiran Ferreira “intermediário entre o miraculado e a beata”. Sacerdote da diocese de Santos, São Paulo, relata à ZENIT mais detalhes do milagre.


Brasília, 24 de Novembro de 2015 (ZENIT.org) Thácio Siqueira


No dia 19 de junho desse ano foi instalado na Diocese de Santos, São Paulo, Brasil, o Tribunal sobre a Causa da Bem-Aventurada Teresa de Calcutá, responsável pelo Inquérito Diocesano de um possível milagre atribuído à intercessão da Bem-Aventurada, acontecido na cidade de Santos em meados de 2008.

Ao concluir-se o processo diocesano, no dia 26 de junho, a documentação foi transferida para Roma, para a Congregação para as Causas dos Santos, “que tem como primeira tarefa conferir validade canônica aos documentos redigidos, reconhecendo o desenvolvimento correto da investigação. Tendo por base essa documentação, reconhecida e sancionada pelo Decreto sobre a validade jurídica, será aberta a segunda fase do processo em Roma”, conforme escrito no registro da própria diocese de Santos.
Semana passada, 19 de setembro, a agência Agi indicou como possível data para a canonização de Madre Teresa de Calcutá, a segunda-feira, 5 de setembro de 2016, memória litúrgica da beata; já o Vatican Insider aposta para o 4 de setembro do próximo ano, domingo.

Conforme notícias da Agi “O milagre atribuído à intercessão da Beata albanesa será examinado pelos cardeais e bispos da Congregação das Causas dos Santos no próximo mês”. “Embora o exame dos prelados não é de mérito – que é feito pela consulta médica do Dicastério e já aconteceu com êxito positivo – é sempre possível algum pedido de aprofundamentos que podem adiar mais os tempos do processo. Uma vez que os cardeais e bispos da Congregação se pronunciem, a decisão é apresentada ao papa pelo cardeal prefeito, que aprova o milagre e portanto comunica a data da cerimônia ao consistório de cardeais".

Nessa semana entramos em contato com o Pe. Elmiran Ferreira, da diocese de Santos. O contato do miraculado com a Beata Madre Teresa deu-se por intermédio desse sacerdote, pároco da Paróquia N. S. Aparecida, em São Vicente. Pe. Elmiran conta a ZENIT mais detalhes. Acompanhe abaixo:


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ZENIT: Como se deu o milagre que pode levar Madre Teresa de Calcutá aos altares? Poderia contar um pouco?

Pe. Elmiran Ferreira: Sim, é com alegria que posso testemunhar a graça de Deus em minha vida. Para mim é muito importante acolher e atender bem as pessoas que me procuram, em nome de Deus e da Igreja sobretudo se tratando de saúde.

Em 2008, determinado dia eu fui celebrar para as irmãs da caridade, assim conhecidas irmãs da Madre Teresa de Calcutá, lá recebi das irmãs algumas relíquias e medalhinhas, voltando para a paróquia por volta de 18h, em seguida chegou um membro da família em prantos dizendo que tal pessoa tinha ido para a UTI e que a situação tinha se agravado.

Me pus a escutar o sofrimento da família, no final deste encontro rezamos juntos e entreguei uma destas relíquias com a oração da Bem-Aventurada Madre Teresa e uma medalhinha, e disse para a família: "Vamos continuar rezando e pedindo a graça de Deus pela interseção da Madre Teresa de Calcutá". Este membro da família voltou para o hospital e ali rezou esta mesma oração e depositou ao lado do enfermo esta mesma relíquia, aproximadamente dois dias ele recebeu alta do hospital.

Na oração da relíquia pedia que quem recebesse alguma graça que fosse comunicado. (oração no final da entrevista).

ZENIT: Como você conheceu a pessoa que recebeu esse milagre? É possível saber quem é?

Pe. Elmiran Ferreira: Entre tantas pessoas e doentes que temos contato, o fato aconteceu com o possível agraciado cujo nome ainda não é possível revelar: Eu já conhecia a família do enfermo, acompanhei toda a trajetória da vida do casal e quando a doença se manifestou, eu fui visitá-lo no hospital e dei a unção dos enfermos. Vi a dor e o sofrimento de toda a família, pois eles estavam iniciando uma vida nova (recém-casados) e a doença ia retardando muitos sonhos.

ZENIT: No próximo mês os cardeais responsáveis pelo processo irão analisar o milagre. Porém, esse milagre já recebeu o visto positivo da equipe médica do Dicastério das Causas dos Santos?

Pe. Elmiran Ferreira: Tendo em vista que os cardeais irão analisar o possível milagre, é sinal de que já passou desta etapa.

ZENIT: O que você sente ao ser um instrumento de Deus para a possível canonização da Beata Madre Teresa? Você acha que ela intercede pelo Brasil?

Pe. Elmiran Ferreira: Eu me sinto como um primeiro agraciado por Deus por ter sido esse instrumento da sua graça, ao mesmo tempo me faz acreditar que Deus chama a todos a vida e a santidade para sermos testemunhas da sua presença entre nós. Experiência como essa entre outras fortalece a minha vocação como cristão e sacerdote.

Acredito que ela intercede não somente pelo Brasil, mas sim por toda a Humanidade. É a missão de todos aqueles que são sensíveis à causa do evangelho, é ter um olhar de Deus.

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Oração à Beata Teresa de Calcutá que o Pe. Elmiran Ferreira entregou ao miraculado:

Beata Teresa de Calcutá, tu permitiste ao sedento amor de Jesus na Cruz tornar-se uma chama viva dentro de ti, chegaste a ser luz do Seu amor para todos. Obtém do Coração de Jesus... (Faça aqui o seu pedido).
Ensina-me a deixar Jesus penetrar e possuir todo o meu ser, tão completamente, que a minha vida também possa irradiar a Sua luz e amor para os outros. Amém.

Com aprovação eclesiástica.


Por favor, comunicar as graças recebidas pela intercessão da Beata Teresa de Calcutá a:
Mother Teresa Center 524, W. Calle Primera, Suite 1005N San Ysidro, CA 92173, USA (Mother Teresa Center www. motherteresa.org).


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Ano Santo da Misericórdia: o Papa Francisco revela a cada quanto tempo se confessa...


 


ROMA, 02 Dez. 15 / 03:20 pm (ACI/EWTN Noticias).- Em uma entrevista concedida ao semanário italiano Credere (“Crer”), a revista oficial do Jubileu da Misericórdia, o Papa Francisco explicou que se reconhece pecador e por isso tem a necessidade de recorrer com frequência ao confessionário.

“Sou pecador, me sinto pecador, estou seguro que sou um pecador ao qual o Senhor olhou com misericórdia”, indicou o Santo Padre.

Em seguida, Francisco sublinhou: “Sou, como disse aos presidiários na Bolívia, um homem perdoado. Sou um homem perdoado, Deus me olhou com misericórdia e me perdoou”.

“Ainda agora cometo erros e pecados, e me confesso a cada quinze ou vinte dias”, indicou.



O Santo Padre explicou: “Se me confesso é porque tenho necessidade de sentir que a misericórdia de Deus ainda está em mim”.

Em outro momento da entrevista, o Papa assinalou que “o mundo tem necessidade de descobrir que Deus é Pai, que tem misericórdia, que a crueldade não é o caminho”.

“Todos nós somos pecadores, todos levamos pesos interiores”, indicou.

Para este Ano Jubilar da Misericórdia, disse, “senti que Jesus quer abrir a porta do Seu coração, que o Pai quer mostrar suas entranhas de misericórdia, e por isso nos envia o Espírito: para mover-se e para mover-nos”.


“Este é o ano do perdão, o ano da reconciliação”, assegurou o Pontífice.